terça-feira, 27 de julho de 2010

MARGS recebe mostra da fotografia modernista brasileira na Coleção Itaú

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta a exposição Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú de 27 de julho a 10 de outubro, nas Galerias Iberê Camargo e Oscar Boeira. A iniciativa é resultado da parceria do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com o Itaú Cultural. Com curadoria do fotógrafo Iatã Canabrava, a exposição remonta aos anos 40 a 70 do século passado, quando na esteira do modernismo europeu e americano da década de 20, os artistas brasileiros entraram na discussão sobre os limites da arte fotográfica. Em um total de 86 imagens, de 26 artistas, este recorte da coleção de fotografias do Itaú mergulha, sobretudo, no movimento fotoclubista brasileiro.

“Esta exposição reforça o esforço do grupo Itaú para dar acesso ao público de todo o país aos diferentes recortes de sua coleção”, afirma Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. “Nossa parceria com o MARGS para que os gaúchos possam apreciar recorte tão significativo deste acervo reafirma o compromisso do grupo Itaú com o público, a arte e a cultura brasileiras.”

Segundo Canabrava, o fotoclubista brasileiro começou em São Paulo no Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, e se alargou para os outros fotoclubes. Em geral era composto de amadores da fotografia que, livres das obrigações de um trabalho comercial, puderam experimentar e ousar quebrando regas e padrões. Nesses núcleos aterrissaram artistas como Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, José Yalenti e German Lorca, presentes na exposição (veja a relação de nomes abaixo).

“Nas imagens destes fotógrafos encontrarmos as buscas de formas e volumes, abstracionismos e surrealismo, em uma evidente influência das antigas vanguardas européias”, conta o curador que pesquisa o assunto há cinco anos.

Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista.

“Esta, por sua vez, por meio de experimentações estéticas e por vezes científicas redirecionou o rumo do fazer fotográfico como já estava ocorrendo na Europa e EUA desde décadas anteriores, conta o curador. “A partir deste momento, texturas, contra-luzes, enquadramentos sóbrios, linhas geométricas, solarizações, fotomontagens, fotogramas, entre outros tópicos passam a integrar o vocabulário criativo.”

Algumas obras
Na exposição encontram-se raridades como a foto Praticáveis, na qual German Lorca ironiza o banal com simplicidade. Em Telhas, Thomas Farkas constrói com criatividade um novo olhar sobre os já tão fotografados telhados.

“Mesmo com o título ao lado da fotografia, duvidamos de qualquer referência a telhas ou telhados”, observa o curador. “Esta imagem nos leva a um passeio por luz e movimento, e particularmente lembra as bandeiras de Volpi, que na verdade não nasceram bandeiras, mas sim telhados.”

Paulo Pires, que expôs pela primeira vez em 1950 no Foto Cine Clube Bandeirante, e fundou, posteriormente, o Íris Foto Grupo de São Carlos, incorpora dois elementos à sua fotografia: o banal, que pode ser visto em Composição com Torneira, e a metrópole paulistana em vertiginoso crescimento, com seu trabalho sobre o Copan de Niemeyer, como ser observa na foto Linhas.

“Esta imagem mostra o desnudamento do símbolo maior da cidade de São Paulo, o Copan, ainda em andaimes de madeira”, assinala Canabrava.
Por sua vez, Yalenti, em suas Miragem e Paralelas e Diagonais provoca o espectador com formas inusitadas, migrando o tempo todo de uma intenção abstracionista a um surrealismo inesperado. O abstrato-geométrico de Ademar Manarini faz par perfeito com Arabescos em Branco, de Gertrudes Altschul, rara representante do gênero feminino no fotoclubismo deste período. Se junta a este grupo a imagem Formas, de Eduardo Salvatore, de quem vale ressaltar o importante papel no cenário fotoclubista como um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirante, entidade da qual ele foi presidente entre 1943 a 1990.

Scavone, em Abstração #5, completa o conjunto, em uma foto eternamente contemporânea de cartazes rasgados, enquanto, Tufi Kanji, Délcio Capistrano e Chakib Jabor constituem uma espécie de grupo surrealista do fotoclubismo brasileiro.

LISTA DE ARTISTAS

Ademar Manarini
André Carneiro
Chico Albuquerque
Chakib Jabour
Dalmo Teixeira Filho
Délcio Capistrano
Eduardo Enfeldt
Eduardo Salvatore
Francisco Albuquerque
Francisco Quintas Jr.
Georges Radó
Geraldo de Barros
German Lorca
Gertrudes Altschul
Gunter E.G. Schroeder
João Bizarro da Nave Filho
José Oiticica Filho
José Yalenti
Julio Agostinelli
Lucilio Correa Leite
JúniorMarcel Giró
Nelson Kojranski
Osmar Peçanha
Paulo Pires
Rubens Teixeira ScavoneTufi Kanji
Thomaz FarkasSERVIÇO

Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Museu de Arte do Rio Grande do Sul - Praça da Alfândega, s/nº - Tel: (51) 3227 2311Abertura para convidados: 27 de julho,19hDe 27 de julho a 10 de outubroDe terça-feira a domingo, das 10h às 19h
Entrada franca

Fonte: Conteúdo Comunicação

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